Demônio 7: o cristão hifenizado - Série Os 7 Demônios da Pós-Modernidade

Alguns especialistas acham que o pós-modernos sejam simplesmente um novo tipo de cristão, como o cristão ocidental ou oriental. Mas, na verdade, muitos cristãos pós-modernos são tão pós-modernos que seu cristianismo hifenizado chega a negar o cristianismo, como se fosse possível ter um cristão-da-nova-era ou um cristão-budista.

A razão pela qual o cristianismo pós-moderno mostra-se ineficiente deve-se a uma questão de autoridade e poder. Os p´so-modernos veem os textos das Escrituras como um meio pelo qual os líderes espirituais exercem o poder sobre o povo. E por causa de sua desconfiança em relação ao poder e à autoridade, os pós-modernos, com seu modo consistente de pensar, rejeitam qualquer autoridade além de si mesmos e qualquer assertiva sobre a verdade, além do seu argumento de que nenhuma defesa válida da verdade seja possível. O problema raramente reflete uma preocupação filosófica, mas é uma questão de um coração teimosamente duro, que recebe a verdade tão prontamente quanto uma bala de revolver penetra um paredão de granito.

A Bíblia afirma ser uma revelação de Deus que somente pode ser entendida quando Deus vence nossa resistência e renova nosso coração e mente para conhecê-lo e amá-lo, assim como à sua verdade. A cultura pós-moderna afirma que a revelação não é possível e que tudo é especulação de grupos de interesses que competem entre si tentando impor sua autoridade sobre nós. Por causa disso, decaímos da luz da verdade para as trevas da perspectiva.

Como estava cada vez mais claro que nunca haveria um amplo consenso sobre a verdade, falar em termos de verdades tornou-se popular. Alguém pode acreditar que uma coisa seja verdadeira, mas não pode esperara que outra pessoas concorde sobre o assunto.

Mas, como temos que viver todos no mesmo planeta, com certo grau de boa convivência, logo se descobriu que permitir que cada um tenha suas próprias verdades dificultaria a construção de uma sociedade unida. Consequentemente, os valores morais entraram em voga como uma lista de coisas consideradas, pela maioria, como boas e úteis para a construção de cultura; por exemplo, valores como tolerância, liberdade e justiça.

Entretanto, embora esses valores tenham ajudado a fortalecer a nossa cultura, alguns indivíduos persistiram em manter suas convicções. Assim, surgia a idéia das opiniões. Se alguém é passional sobre certas coisas, como a idéia de Jesus ser o único meio de salvação, sua idéia não deve ser considerada como verdade, uma verdade, ou mesmo como um valor que deva ser promovido, mas simplesmente como uma questão de opinião pessoal, a qual ele deve ter o cuidado de guardar para si em nome da educação e da equidade, porque as pessoas que não concordam com ela estão tão certas a respeito de suas verdades quanto ele da dele.

Assim nasceu o conceito pós-moderno de perspectiva. As pessoas que afirmam conhecer a verdade ou uma verdade ou mesmo têm uma opinião sobre a maioria das coisas que realmente importam são dispensadas por verem as coisas somente a partir de sua perspectiva curta e tendenciosa, porque, afinal de contas, não existe revelação e tudo que temos é especulação, e quem pode confiar numa mera perspectiva?

Mas, como trabalhamos no meio das culturas, não devemos nunca proclamar que Jesus é Deus, meramente a partir de nossa perspectiva limitada e tendenciosa, mas, ao invés disso, devemos proclamá-lo como Deus e Rei, que governa um reino que inclui as culturas da terra e que essa visão a partir do seu trono não é simplesmente uma entre muitas perspectivas igualmente válidas, mas é a verdade. Se fracassarmos nisso, os hifenizados cristãos pós-modernos rejeitarão qualquer interpretação singular das Escrituras, argumentando que aquela é apenas a nossa perspectiva, mas que existem outras perspectivas - o que não é verdade - e que por isso todas devem ser toleradas. Eles rejeitarão toda liderança e evitarão o que chamam de "religião organizada", preferindo as experiências espirituais ao seu modo. Também procurarão escapar de qualquer forma de liderança responsável oficial, o que fará deles maus pais, maus cônjuges e maus membros de igreja. Além disso, exigirão que a Bíblia seja ensinada como se fosse uma série de sugestões, ao invés de mandamentos, que a ministração seja facilitada, ao invés de dirigida, e que a autodescoberta seja promovida, em lugar da obediência a Deus.

Tudo significará o fim da reformissão.

Trecho extraído do livro Reformissão, por Mark Driscoll