Veja a Parte I clicando aqui.
ÍDOLOS PARA DESTRUIÇÃONaturalmente, algumas concepções modernas de Deus não são totalmente erradas, mas apenas distorcidas; outras estão longe demais da realidade para serem consideradas. Depois de assumirmos que podemos construir uma idéia de Deus, começando pelo homem, ou seja, "debaixo para cima", qualquer coisa é possível. Somos capazes de fazer isso tendo a Bíblia em uma mão e uma agenda de compromissos na outra.
O Deus da minha saúde e da minha riqueza
Em razão da nossa preocupação com sucesso, dinheiro e diversão, não deveríamos nos surpreender com o fato de que um deus especial, ocidentalizados, tenha surgido nas últimas décadas. Esse conceito de Deus parece ter sido extraído da Bíblia, mas na realidade reflete mais o capitalismo do que a consideração séria dos textos bíblicos. Esse Deus tornou-se nossos conselheiro financeiro, nosso gerente de conta pessoal, nosso consultor. Gloria Copeland, esposa de um famoso televangelista disse o seguinte:
A Palavra de Deus simplesmente revela que a carência e a pobreza não estão de acordo com a vontade de Deus para quem é obediente [...] Permita que o Espírito Santo ministre a verdade ao seu espírito até que você entenda, sem qualquer sombra de dúvida, que a vontade de Deus é a prosperidade.
Ela está falando de diamantes, de BMWs e de uma casa nova, não de riqueza espirituais.
Esse evangelho não poderia ter sido pregado na Roma antiga, assim como não funcionaria nos dias de hoje em lugares como Haiti, Bielo-Rússia ou Angola. Não, o "deus da minha saúde e da minha riqueza" é o deus do ocidente, do capitalismo, do consumismo.
Como podemos acreditar nesse deus sendo que Jesus disse: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça" (Mt 8.20)?
O Deus das minhas necessidades emocionais
Em nossa cultura terapêutica, na qual todos estamos em uma redescoberta ou em uma negação, trocamos a linguagem das Escrituras pela linguagem da revista Psycology Today. O pecado é definido como falta de auto-estima. Há muito foi abandonada a idéia de que o conhecimento de Deus é o nosso maior objetivo; o conhecimento de nós mesmos e de nossa necessidade de sermos respeitados deve ser o primeiro item de nossa agenda teológica. De volta à década de 80, o reverendo Robert Schuller disse que "precisamos de uma teologia de salvação que comece e termine com o reconhecimento da carência de glória que todas pessoas têm". De acordo com esse conceito Deus não é o juiz ofendido, mas o servo que está esperando uma oportunidade de confirmar nossa dignidade. Schuller prossegue: "A mensagem do evangelho não é apenas defeituosa, mas potencialmente perigosa caso tente rebaixar a pessoa antes de elevá-la". É triste dizer que essas idéias fazem parte da nossa cultura contemporânea e, sem empecilhos, encontram acolhida dentro da igreja.
A minha grande necessidade não é se arrepender, mas sentir-me confortável com minha singular personalidade. O famoso historiador Joseph Haroutunian comenta: "Antigamente, a religião era centrada em Deus. Antes, tudo o que não levava à glória de Deus era infinitamente maligno; hoje, o que não leva à felicidade do homem é mau, injusto e impossível de ser atribuído à divindade [...] Antes, o homem vivia para glorificar a Deus; hoje, Deus vive para servir ao homem".
O Deus da minha auto-justificação
No livro Conversando com Deus, o autor, Neale Donald Walsch diz ter recebido uma mensagem direta dos céus. Deus diz que devemos rejeitar todas as fontes autorizadas, pois a verdade vem até nós por meio dos nossos sentimentos. Não procure as Escrituras, em vez disso, Deus diz: "Ouças seus sentimentos. Ouça seus mais elevados pensamentos. Dê ouvidos à sua experiência. Todas as vezes que essas coisas forem diferentes do que você aprendeu com seus professores ou leu em algum livro, esqueça as palavras. As palavras são as piores fontes da verdade". E quando diz: "não existe essa coisa de certo ou errado, bom ou ruim, melhor ou pior", o assunto fica ainda mais complicado. Talvez encontramos a resposta quando Deus diz: "Existe somente o que lhe serve e o que não lhe serve". Assim, nossos mais altos pensamentos podem ser considerados o que nos servem melhor. Uma coisa precisa ficar clara: nós somos a melhor autoridade para nós mesmos.
Mesmo deixando de lado a contradição de que Deus não fala por meio de palavras, mas pelos sentimentos (aparentemente Deus dá ao autor uma revelação por meio de palavras, que se estendem por centenas de páginas!), devemos nos perguntar: Por que esse Deus se agrada tanto em aprovar nosso estilo de vida, nossas crenças e nossos valores? Não é surpresa para ninguém que esses Deus seja exatamente tudo o que queremos que ele/ela/isso seja. Esse Deus não dá nenhuma definição de pecado, não faz nenhuma reprovação nem tampouco propõe algum julgamento. Na verdade, não existe certo ou errado! Afinal, no mundo sem o Deus transcendente, a palavra mal perde todo o significado. O Deus de Walsch foi totalmente domesticado. Como alguém já disse, criamos vacas para dar leite, carneiros para dar lã e Deus para nos dar completa aceitação e afirmação.
Não é possível aceitar o "Deus da minha auto-justificação" à luz da advertência de Isaías: "Ai dos que chama o mal bem e o bem , mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e inteligentes em sua própria opinião!" (Is 5.20,21). E ainda podemos acrescentar: Ai dos que se olham no espelho e dizem que viram a Deus!
Erwin Lutzer é mestre em teologia pelo Seminário Teológico de Dallas e pastor da histórica Moody Memorial Church, em Chicado, EUA. É autor de vários livros, incluindo A serpente do paraíso, De pastor para pastor, 7 razões para confiar na Bíblia e Um minuto depois da morte, todos publicados pela Editora Vida. Reside em Chicago, com a esposa e três filhos.
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